segunda-feira, janeiro 22, 2007

Que Medo é Este?

Por que tantas ligações por fazer?
Por que tantos e-mails por responder?
Por que tantos momentos negligenciados?
Por que tantos sorrisos amáveis esquecidos no meio da multidão?
Por que tantos convites protelados?
Por que tantos beijos congelados no desejo?

São muitos os porquês que me fazem pensar que existe algo de diferente na água que abastece o Distrito Federal...

Pessoas contidas demais, discretas demais, cheias de dedos e de vontades reprimidas. Percebo o medo do 'não' no ar, medo da rejeição, da intimidade, de envolvimento de qualquer tipo, de se apaixonar, de tentar e falhar, medo de sofrer.

Se você não me ligar, eu não te ligo!
Se você não me convidar, eu não te convido!

Talvez eu tenha mesmo sido criada num planeta distante demais daqui. E no meu planeta, carinhosamente conhecido como Itz por nós, os habitantes, estar envolvido é de praxe. Aliás, nós, imperatrizenses, nascemos para isso! Tem até um lema na cidade que diz: - Imperatrizense que se preze está sempre apaixonado, de rolo ou se curando de uma desilusão (e melhor que seja na Beira, no Gatinho Sushi Bar ou no Ritz). Somos seres sociáveis e aglomerativos, fazemos visitas aos amigos sem avisar, vamos logo abrindo a porta, deitando no sofá e pedindo um lanchinho. Ligamos a qualquer hora pra dizer que estamos com saudades, pra contar a última novidade ou pra confirmar uma fofoca fresquinha. Saímos sempre em bando - não só pra economizar gasolina, mas também para tumultuar mais nosso amado bobódramo. Alguns povos andam por aí dizendo que somos bregas. Nós não ligamos! Nossos irmãos mais próximos, o povo tocantinese e goiano, são mais ou menos como a gente: românticos, ousados e felizes. Li, outro dia, que estudiosos renomados descobriram que estes fatores comuns aos 3 povos são resultantes de uma mistura recorrente e tradicional para nós: cerveja com sal e limão + música sertaneja (ou qualquer uma romanticamente exagerada) + sol quente + praia de água doce.

Eu ainda não descobri se esta mistura é realmente a responsável pela diferença, mas se temos que culpar algum composto, já tenho uma pista sobre a àgua do DF. Alguém está contaminando a população do Planalto Central com algum inibidor de adrenalina. Tenho quase certeza, visto a quantidade de pessoas sem diponiblidade de arriscar...

Pior pra eles, pois, pelo que dizem, o povo que vive ali 'pertim', num planeta vizinho, faz festas bem mais animadas e são bem mais felizes! Não sou eu quem está dizendo, são os estudiosos!

:p

Um comentário:

Anônimo disse...

putz, é malzão mesmo esse medo nas pessoas que se entendem como além de seres humanos, como num estágio "racional e evoluído" em relação ao resto do mundo, que esquecem de querem se divertir, comer, amar, brincar, gozar...é que nem alguma coisa que percebo na capoeira daqui de slz em relação a outras cidades. enquanto aqui a gente faz roda e todo mundo participa, seja descalço ou com sapatos, bem na tradição da cultura popular tal qual no tambor de crioula, o pessoal de outras cidades leva a sério a si mesmos com uma identidade que em si é paradoxal, pois capoeira além de luta, é dança e jogo...é o urbano querendo consumir uma cultura popular que não está neles pelo simples fato de que para acontecer dentro mesmo, é uma questão de filosofia de vida, da forma como se encara o cotidiano para a transformação da realidade interioe e exterior e não de abadás, uniformes, graduações e outros aparelhos de medição "sérios" de pessoas "comprometidas com a evolução curricular, profissional espiritual". até pra rezar é preciso ser simples...é por isso que bukowski dizia que nascemos gênios e somos enterrados imbecis. se bem que talvez ele não conhecesse o maranhão, rs...bjos