sexta-feira, junho 20, 2008

Flashback

Voltei a estudar Matemática.

Quem diria, eihn? Logo eu, que comemorei aos berros minha entrada na faculdade de Jornalismo - e conseqüente adeus às frações e equações que tanto me atormentavam.

E agora ela volta para a minha vida, sorrateiramente, 'calculista', logicamente disfaçarda de boazinha entremeio aos editais que agora tento vencer.
Sim, sou mais uma iniciante na rotina de concurseira.

Folheando minhas apostilas de Matemática, comecei a relembrar meus tempos de colégio, os amigos, as bagunças, os namoricos, as confusões. Acabei me lembrando também do pavor que todos tínhamos do professor Bosco.

Ele ensinava Física e, claro, Matemática, duas carrascas para mim.

Com sua camiseta branca, ou outra igualmente simples e discreta, cabelos cacheados e grisalhos, barba bem-feita, sempre cordial, sensato e equilibrado - assim me lembro dele. Nunca tivemos qualquer problema, mas ele me metia medo. Achava que por trás daquele semblante sereno havia de existir um ser implacável e insensível, afinal, ele escolheu ensinar justamente o que teimava em me subjulgar, me afrontar, me derrotar - cálculos!

Tirando o 'egocentrismo' de minha parte, hoje acredito que todo este pavor que eu sentia - e do qual muitos amigos compartilhavam - vem dos comentários ácidos que às vezes o professor Bosco fazia. Relatos duros demais sobre uma realidade que para nós, adolescentes sonhadores, vinha tirar o brilho de nossos sonhos; e coisas assim ninguém queria escutar. Só que ele estava certo em muito do que nos dizia.

Bem, fui feliz até agora sem a Matemática, só que o destino trouxe ela de volta para minha vida e desta vez decidi encará-la sem medo - e armada com toda a maturidade que pude reunir até aqui.

Professor Bosco ainda dá aulas em Imperatriz - MA (cidade em que cresci). Recentemente encontrei-o em um passeio pelas ruas do Centro. Os cabelos não são mais grisalhos. Foram estranhamente pintados de castanho. Não sei por quê.
Ao cumprimentá-lo, senti-o confuso:


- Oi, professor Bosco! Lembra de mim? perguntei por perguntar.
Ele ficou parado, sem graça, me olhando:
-Desculpe, não lembro. São tantos...
Eu já imaginava que ele não fosse lembrar, afinal, lá se foram 10 anos:
-Tudo bem, professor, eu não aprendi Matemática até hoje mesmo, seu trabalho comigo foi em vão. O senhor fracassou comigo, sabia?
Ele sorriu docemente, me deu um tapinha nas costas e continuou:
-Então, me conta de você!


...
[*Professor Bosco era temido por todos, tinha fama de implacável, desumano, tirano, mas fui aluna dele por 5 anos e simplesmente nunca o vi fazer nada de abominável ou extremado durante este tempo, nem soube de ninguém que fora realmente prejudicado por ele em algum ponto.
Bosquinho, aqui entre nós, foi você mesmo que plantou essa fama de mau só pra se proteger, né? Pode confessar! ]

2 comentários:

Vi disse...

Eu tb não suporto matemática nem nada que tenha continhas... Hoje fui fazer 8x3 e ainda estou pensando sobre o resultado. Mas o prof. Bosco não foi um caso perdido. Ele não te ensinou matemática mas está nas suas lembranças até hoje. Algo de bom ele deve ter ensinado.

P.S - Que bom que achei outra fã do Dave Matthews. Bom fds!

Alma Desarmada disse...

Eu tive um professor 3º ano nome Oswaldo materia Fisica, meu Deus, esse sim era o terror, nunca tinha zerado uma prova até fazer primeira dele, descobri que não era a unica no grupo dos zeros...

Ano complicado em Fisica viu... rsrsrs